segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Seja a mudança que você quer ver no mundo

No próximo domingo (03 de outubro de 2010) a sorte do país será lançada mais uma vez. Digo sorte não no sentido de acaso. Mas, na formidável força que determina ou regula tudo quanto ocorre. Sorte que pode ser tomada nas mãos por homens conscientes do seu papel no tempo e no espaço.

Chegamos a esta eleição com um congresso e um senado em frangalhos. Desacreditados pelo povo e mergulhados na pior crise de credibilidade da história recente da redemocratização do país. Contudo, ainda é o Congresso Nacional. Ainda é o Senado. Instituições viscerais da nossa república. Pilares da democracia. Assim, nos afligimos por ver que o exercício da atividade política parece estar irremediavelmente tomado pelas imposturas, pela desfaçatez e pela desonestidade.

Não nos iludamos, nem percamos a fé e a boa-fé. Com auxílio do dicionário, vamos resgatar que a política ainda é a ciência dos fenômenos referentes ao Estado, o princípio doutrinário que caracteriza a estrutura constitucional do Estado, o sistema de regras respeitantes à direção dos negócios públicos, a arte de bem governar os povos, o conjunto de objetivos que alinhava a ação governamental e condicionam a sua execução; também é sinônimo de civilidade, cortesia e argamassa das relações humanas. Portanto, nossa vivência social é essencialmente política, nosso pensar é político, nosso agir é político. Destas premissas deriva uma conclusão imperativa: se nossas intituições políticas estão corrompidas é onde mais se faz necessário agir para expurgá-las de seus corruptores. Com efeito, temos a oportunidade no próximo domingo de fazer história e não simplesmente aceitarmos sofrer sua ação.

Neste sentido, conclamo a todos os professores, técnicos e alunos a exercerem sua cidadania no próximo domingo de forma consciente, determinada, altiva, tomados de duas forças poderosas: alegria e a esperança. Escolham seus candidatos e, como somos educadores de ofício, permito-me aqui enunciar algumas questões que devem pautar a análise dos seus candidatos:

O candidato se posiciona ou apresenta propostas claras e objetivas às questões de educação, saúde, habitação, trasporte coletivo, assistência social, emprego, geração de renda? As propostas que apresenta são coerente e bem articuladas?
O candidato tem uma visão crítica da realidade? Entende a educação como um direito e um bem público, exercendo papel estratégico na construção de uma sociedade mais justa, mais solidária e com menos exclusão?
O candidato apresentou durante a campanha ideias e/ou propostas de desenvolvimento para o estado, a região, o país, sustentáveis ecologicamente, centrados nas necessidades humanas, valorizando a melhoria das condições de vida da população e atendendo às necessidades sociais?
No currículo, o candidato tem experiência na gestão pública? Tem boa reputação, histórico decente, livre de acusações e/ou condenações nas várias instâncias do poder judiciário?

Bem, talvez muitos de nós tenham medo de levantar todas estas questões e... não achar ninguém que passe no teste. Mas, é importante que sejamos exigentes, que saibamos cobrar estas questões ao longo de todo o mandato dos candidatos eleitos. Sejamos vigilantes, pensantes, ativos politicamente. No dizer de Gandhi, sejamos a mudança que queremos ver no mundo.

Pra terminar, peço emprestado algumas estrofes de "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, para fazer a apologia da política como ciência, arte e ofício (tão) humano em prol do bem público.

"É tão belo como um sim
numa sala negativa.
Belo porque é uma porta
abrindo-se em mais saídas.
Belo porque tem do novo
a surpresa e a alegria.
Belo como a coisa nova
na prateleira até então vazia.
Como qualquer coisa nova
inaugurando o seu dia.
Ou como o caderno novo
quando a gente o principia.
E belo porque o novo
todo o velho contagia.
Belo porque corrompe
com sangue novo a anemia.
Infecciona a miséria
com vida nova e sadia.
Com oásis, o deserto,
com ventos, a calmaria".

Contribuição do nosso colega Raimundo Tostes, professor de Patologia Veterinária da UFPR, Campus Palotina.

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